sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

O abismo

O que não compreendo é esta angústia
A angustia da consciência
Da necessidade de procura da verdade
Enfim, de convencimento
Tenho consciência que a verdade não é mais do que
Convencimento. Isto não é nada!
Não é nada que realmente nos liberte da angústia
De ser consciente.
Se não é nada, tudo é mentira.
A certeza da nossa limitação, da nossa pequenez.
A vida é uma ponte suspensa sobre o abismo
O abismo é do tamanho do Universo.
Se compreendo perfeitamente o abismo
Que está lá
Angustia-me a ponte, a consciência
Que está cá
Já vi nascer e morrer
Acender e apagar
Está lá... perfeitamente verdade
Mas a auto consciência para quê?
Está cá... é a mentira
A piada mais bem concebida
A ironia das ironias
O abismo
Da fusão do abismo com a consciência
A tranquilidade, o convencimento
A ignorância
Prova da nossa insignificância
Magnifica razão para a nossa existência
Pelo menos meu convencimento.


sábado, 14 de abril de 2012

Sonho... sonho...vivo.
Sonha... sonha... vives.
O meu alvo é o sonho.
Nem de perto nem de longe,
O que tenho. O que temos.
O que é realmente nosso.

Não procurei, já cá estava.
Viaja comigo, o bandido.
E não é só o meu, também o teu.
Sonhamos, vivemos.

Sonhar não é uma palavra vã, nem nunca será.
Tem o significado mais concreto.
É a nossa verdadeira realidade.
O que existe em mim. O que existe em nós.

Sempre se desfaz e logo regressa.
O sonho vai e vem. Fica e parte.
A minha liberdade. Como espuma do mar.
Como núvem no céu.

O que aparece do nada que é tudo.
O que faz e dá sentido, quase sempre...
Sem sentido nenhum.
Mas sempre esperança, o futuro.

O futuro é estar vivo.
Meu Deus, tão grande foi a luz, ceguei.
Meu Deus, ensurdeci na imensidão do silêncio.
Meu Deus, o pior é não ter palavras
E o sonho não ser a realidade...

Mas na morte terei saudade de sonhar.
Dos meus e dos teus.
Saudade do futuro.
A morte é não sonhar.
A morte é irreal! É o passado.
De presente, sonho... de vez em quando.

sábado, 29 de outubro de 2011

procuro o bem

meu semelhante
para quando o aperto de mão?
no mundo reina o mal
não o bem.

corremos por fora
eu, tu
e todos os outros.
para quando o encontro?

não há memória
só interesses
não há fundamentos
só miséria!

meu irmão, meu amor
prendes-me pelo olhar,
pala compaixão,
mesmo com discurso absurdo.

num esforço humano,
até para a outra espécie,
o bem só vence
se formos iguais.

para quando o abraço
o encontro desejado
o correr à chuva
sem desejo, sem medo...

vencer a resistencia,
atrito da natureza.
a felicidade plena
nos nossos corações.

nem sempre estou presente,
no caminho comum.
perdoa-me meu próximo:
procuro o bem.


sábado, 24 de setembro de 2011

por aí e por aqui

o tempo sempre nos faz aproximar...
do tudo e do nada.
numa vertigem do sentir,
numa vertigem do ser.
do alto e do chão.
nem é sonho ou realidade...
condição!
desde quando a razão não é sentimento?
do princípio ao fim: inspira, expira, inspira, expira...
do nada, construção, destruição, tudo!
o facto não basta
o mundo não pára!
desde o prazer à dor
desde o saber ao perder.
perante a força e opressão,
do tempo que passa sem razão,
encontram-me por aí.
não resignado mas pendente,
suspenso por aqui.
perante tal condição
de que serve a revolta?
de que serve o bater do coração?
para quê a razão? para quê a sensação?
diria, para ocupar o tempo!...
se o tempo deixar.




quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Por certo...

este novo mundo que me é dado a conhecer muda tudo:
uma bola suspensa no vazio a girar à volta do sol!
na solidão mais completa...
tudo parece girar à volta de um todo.
poderemos chamar a este todo o quê?
massa infinita ou infima?
que todo é este?
mais do que sol, mais do que galaxia ou buraco negro.
a expansão do universo será circulação?
parece que tudo gira.
e como um copo de vinho
e o sonho de uma mulher nua ajudam.
tudo gira no infinito e no ínfimo.
e eu tão pequeno
agarrado à bola... cheio de certezas!
com certezas crescemos,
certos que seremos alguém.
depois de crescer, que consolo?
este novo mundo que me é dado a conhecer muda tudo:
tenho o consolo de estar sentado e girar à volta do sol,
na solidão mais profunda,
que gira à volta de não sei o quê...
que gira à volta do todo
que se pode chamar Deus.
e como um copo de vinho
e o sonho de uma mulher nua ajudam
a compreender tudo.
por certo...


terça-feira, 4 de janeiro de 2011

meu mar

O que é feito do meu mar
aquele universo palpável e real
seguro por ser familiar?
o meu mar... o meu mar...
a vida toda pela frente,
o infinito mar!
Onde está o meu mar,
as minhas rochas...
promontório de sonhos,
de esperança e certezas?
apesar de incerto, garantia certezas...
o meu mar!
Mar de peixes e outros seres fantásticos,
de descobertas e outras interrogações.
O meu mar...
dos sonhos de cheiro a maresia
dos beijos, da frescura, do contacto.
O meu mar não volta...
o meu mar não existe!
agora é irreal, é longe, abandonou-me.
e é tão forte a vontade
de mergulhar nas suas águas tranquilas
de uma manhã de setembro
ou atirar-me da rocha
uma tarde de dezembro...
meu mar... meu mar...
é tudo tão injusto e banal,
só tu és verdade e sentido
meu mar! meu mar...
que já não existe.

sexta-feira, 19 de março de 2010

o meu primeiro amor

de súbito uma alegria não contida
transborda do peito e salta:
descobre-se a ilha do tesouro.
acredita-se que se pode voar
e voa-se!
o mundo não tem fim
é todo meu e foi feito para descobrir.
serei quem eu quiser

gostas de mim?
eu gosto de ti.
cresce uma ansiedade que é nova:
que é o medo de te perder
que não olhes para mim
que não te consiga encontrar.
o mundo és tu e eu.

o sorriso que me dirigiste
transformou-me em super-herói
e com coragem sobre humana
pedi-te o primeiro beijo.
o mundo sou eu e tu
o mundo não tem fim
o beijo dura até hoje.





A minha foto
Porto e Ponta Delgada, Douro - o Mar - Açores, Portugal
por cá ando... resultado da junção ocasional entre um espermatozoíde e um óvulo, nos finais de 1969, início de 1970, que deu fruto e cresceu (de forma bastante substancial) e que tem como objectivo maior: (pro)criar... ou pelo menos tentar.